18 junho 2025 - 08:54
O Lugar do Jihad e do Martírio no Pensamento Político Xiita

O Jihad é a luta e o esforço no caminho de Deus para a exaltação da verdade e da justiça, enquanto o martírio representa o ápice desse sacrifício, oferecendo a própria vida por essa causa. Ambos estão entre os valores mais elevados do Islã, garantindo a preservação da fé, a dignidade da sociedade e a libertação da opressão.

Agência Internacional de Notícias Ahl al-Bayt (ABNA): O espírito de Jihad e martírio é um dos segredos do sucesso dos soldados da Revolução e do povo iraniano. Através da coragem e do sacrifício, eles frustraram os planos dos inimigos. A promoção dessa cultura não apenas protege a religião na sociedade, mas também revive os mais altos valores éticos.

A Importância do Jihad e do Martírio no Alcorão e nas Tradições

No xiismo, o Jihad e o martírio têm tanta importância que o Alcorão — a principal fonte da doutrina xiita — os menciona repetidamente. Por exemplo:

«و لا تَقولو لِمن یُقتَلُ فی سَبیلِ الله امواتٌ بل احیاءٌ ولکن لاتَشعُرون

"E não digais que aqueles que são mortos no caminho de Deus estão mortos. Pelo contrário, estão vivos, mas vós não percebeis." (Alcorão, 2:154)

Imam Jafar al-Sadiq (AS) afirmou:
"O melhor Jihad é aquele em que o cavalo do guerreiro é ferido e seu sangue é derramado no caminho de Deus." (Wasail al-Shia, Vol. 5, p. 112)

Sobre o Imam Ali (AS), diz-se que seu amor pela morte e pelo martírio era maior que o amor de uma criança pelo seio da mãe. O martírio ganhou um status único no xiismo após o evento de Karbala e o sacrifício do Imam Hussein (AS), cujo título de "Senhor dos Mártires" (Sayyid al-Shuhada) se tornou central na cultura política xiita. O mártir, ao derramar seu sangue, revitaliza a sociedade e remove obstáculos no caminho de Deus.

A Visão do Líder da Revolução Islâmica

Com o surgimento do Islã, a humanidade foi guiada das trevas da ignorância para a luz da verdade. Uma das transformações trazidas pela revelação divina foi a mudança na percepção do Jihad — que, antes do Islã, era associado à dominação e ao imperialismo, mas passou a ter uma dimensão espiritual e de resistência contra a opressão.

Líder Supremo do Irã enfatiza:
"Nem todo esforço contra o inimigo é considerado Jihad." (Discurso a professores universitários, 2014)

A Perspectiva de Estudiosos do Islã

Muitos acadêmicos não muçulmanos, ao analisarem a história islâmica, descrevem os muçulmanos como "fanáticos" ou "fundamentalistas", rotulando o Islã como "a religião da espada". No entanto, isso ignora o contexto de luta pela justiça e a rejeição à tirania que fundamentam o Jihad.

Diferença Entre Jihad e Guerra Comum

  • Guerras convencionais são motivadas por interesses materiais.
  • Jihad visa libertar sociedades oprimidas, oferecendo-lhes a oportunidade de escolher o caminho da perfeição humana.

O Alcorão ordena:

«وَ ما لَکُمْ لا تُقاتِلُونَ فی‏ سَبیلِ اللَّهِ وَ الْمُسْتَضْعَفینَ مِنَ الرِّجالِ وَ النِّساءِ وَ الْوِلْدانِ الَّذینَ یَقُولُونَ رَبَّنا أَخْرِجْنا مِنْ هذِهِ الْقَرْیَةِ الظَّالِمِ أَهْلُها وَ اجْعَلْ لَنا مِنْ لَدُنْکَ وَلِیًّا وَ اجْعَلْ لَنا مِنْ لَدُنْکَ نَصیرا

"Por que não lutais pela causa de Deus e pelos oprimidos — homens, mulheres e crianças que clamam: ‘Senhor, salva-nos desta cidade de opressores!’?" (4:75)

O Jihad é uma forma de "ordenar o bem e proibir o mal", removendo obstáculos para que as pessoas alcancem a liberdade espiritual e intelectual.

Conclusão

O Jihad não é uma luta temporária, pois a batalha contra a opressão e a injustiça é contínua. Como disse o Profeta (PBUH):
"O Jihad permanece até o Dia do Juízo."

O Islã prega que, quando os opressores cessam sua agressão, a luta deve parar:

"Combatei-os até que não haja mais opressão e a religião seja somente para Deus. Mas se eles cessarem, não sejais injustos." (2:193)


Notas de Referência:

  1. Alcorão Sagrado, Surata Al-Baqarah (A Vaca), versículo 154.
     
  2. Wasail al-Shia (Os Meios dos Xiitas), Volume 5, p. 112.
     
  3. Ibidem (Referência idêntica à anterior).
     
  4. Amid Zanjani, Abbas Ali (1991), Estudos sobre Jihad no Islã, p. 7.
     
  5. Discurso do Líder Supremo do Irã, Ayatollah Khamenei, em reunião com professores universitários (11/07/2014).
     
  6. Ezati, Ahmad (1995), Análise Comparativa do Jihad, Volume 1, p. 175.
     
  7. Alcorão Sagrado, Surata An-Nisa (As Mulheres), versículo 75.
     
  8. Alcorão Sagrado, Surata Al-Baqarah (A Vaca), versículo 193.
     
  9. Alcorão Sagrado, Surata Al-Hajj (A Peregrinação), versículo 39.
     
  10. Discurso do Líder Supremo, em encontro com membros do Conselho Supremo da Mobilização dos Oprimidos (Basij).
     
  11. Discurso do Líder Supremo, em reunião com deputados do Parlamento Iraniano (25/05/2014).
     
  12. Alcorão Sagrado, Surata At-Tawba (O Arrependimento), versículo 5.
     

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